A fundação do Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil aconteceu durante a reunião da Diretoria Executiva da CSB, em São Paulo, no dia 7 de julho. A entidade irá representar os trabalhadores aposentados e pensionistas em todo o País.
O sindicato nasce orgânico à Central, ou seja, a existência da entidade está vinculada exclusivamente à Central dos Sindicatos Brasileiros. Segundo dados do Ministério da Previdência, o Brasil tem 17 milhões de aposentados e, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), de 2012, esse número deve chegar a 30 milhões, até 2020, por conta da melhora nas condições de vida na última década e a queda da natalidade.
Para Lucio Bellentani, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil e ex-metalúrgico, uma entidade composta por militantes do movimento sindical aposentados é fundamental para o fortalecimento da democracia e para a luta dos trabalhadores. “Entre as nossas principais bandeiras estão a luta pelo fim do fator previdenciário e pela recuperação do poder aquisitivo das aposentadorias”, afirmou.
“Um dos maiores problemas para os brasileiros é o fator previdenciário, criado em 1999. Essa maneira de calcular o tempo de trabalho tem uma fórmula que leva em consideração o tempo de contribuição, a idade e a expectativa de vida no momento da aposentadoria. Na prática, reduz o benefício de quem se aposenta cedo. E o índice puxa cada vez mais para baixo o benefício a cada ano devido ao aumento da sobrevida dos brasileiros”, explica Bellentani.
Para o dirigente, o atual modelo de aposentadoria deve acabar. “O fator previdenciário não pode continuar. Embora tenhamos de encontrar uma nova regra que atenda à sociedade, e com a qual ela esteja de acordo, não podemos mais manter o fator. Outro problema que temos que enfrentar é a Medida Provisória 664, que criou um fator previdenciário para as viúvas, não podemos permitir que as mulheres fiquem desamparadas. Isso é retrocesso”, ressaltou.
Uma das premissas da organização será o diálogo com outros movimentos, com o objetivo de construir ações comuns e garantir avanços na agenda dos trabalhadores aposentados, explicou Ismael de Souza, diretor do Sindicato. “Isso inclui a luta por um indicador específico de correção das aposentadorias, já que a inflação para os aposentados é maior que a média da população, subsídios em medicamentos e outros produtos”, disse.
“Temos que estar juntos para defender um aumento real de salário, que é decrescente e, consequentemente, afeta nosso poder de compra, especialmente, por conta do fator previdenciário. Justamente quando mais precisamos, quando temos mais gastos com remédios, plano de saúde, é que temos a maior queda em nossos rendimentos. São obrigações que muitas vezes pegam mais da metade do nosso salário”, explicou Souza.
Segundo Bartolomeu França, diretor do Sindicato, a entidade surge democrática, plural e honesta, e necessita do apoio de outras entidades sindicais comprometidas com o projeto da CSB. “Ao fundar uma organização que irá lutar pelos aposentados, estamos engrossando a luta por melhor qualidade de vida dos brasileiros. E tanto quanto qualquer categoria, os aposentados precisam fortalecer essa batalha nacionalmente, porque dependem de negociação direta com o governo para reajuste do benefício do INSS, ao mesmo tempo em que precisam engrossar a resistência contra o fator previdenciário”, disse.
Compõem a diretoria executiva do Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil o presidente Lucio Bellentani, os vice-presidentes Bartolomeu França e Francisco Cardoso Filho (Chicão), o secretário-geral Oscar Martorelli Mattos, o primeiro secretário Rosalino Jesus de Barros, o tesoureiro Ismael de Souza, a primeira tesoureira Maria Abadia de Souza e os suplentes de diretoria Salvador Roberto Pinheiro, Idivarcy Martins e José Ferreira do Nascimento. O conselho fiscal será composto por Alcides Ribeiro Soares e Aureliano Cerqueira e a participação honrosa do jornalista José Augusto Ribeiro.
Princípios
Segundo Antonio Neto, presidente da CSB, o objetivo do Sindicato Nacional dos Aposentados do Brasil é reunir a experiência de quem construiu as conquistas da classe trabalhadora, mas não abandonou a luta em prol de melhorias. “A fundação do sindicato é o resultado de anos de luta pela organização autônoma dos aposentados dentro da Central. Não há diferença política entre os aposentados e os trabalhadores da ativa, todos são trabalhadores e contribuem para o crescimento econômico do Brasil. O grande desafio agora é gerar unidade para lutar pela valorização das aposentadorias”, disse o presidente.
De acordo com o secretário-geral da CSB, Alvaro Egea, a entidade não será apenas um sindicato que luta por questões econômicas. “ Nós iremos lutar pelos trabalhadores e iremos pressionar o governo para que haja políticas públicas de valorização da terceira idade”, disse.